Opinião: Itaipu binacional, miniatura da biocivilização
Leonardo Boff
Há hoje na cultura mundial muita desesperança e perplexidade generalizada.
Não sabemos para onde estamos rumando. O vôo é cego num rumo ao desconhecido.
O que mais dói é a falta de alternativa ao modelo vigente que visa grande acumulação em vista do acelerado consumo, à custa da depredação da natureza e da geração de gritantes injustiças sociais a nivel mundial.
A nova centralidade gira ao redor do cuidado da vida, da salvaguarda da Humanidade e da proteção do planeta Terra. O que vai nascer será uma biocivilização ou uma Terra da Boa Esperança (Ignacy Sachs).
Ai, num acordo entre Brasil e Paraguai, se construiu a maior hidrelétrica do mundo com um reservatório de água de 176 quilômetros de comprimento, onde estão estocados 19 bilhões de metros cúbicos de água, utilizados por 20 turbinas que geram 14 mil megawatts.
Foi então que se modelou o projeto "Cultivando Agua Boa" que envolve os 29 municípios lindeiros nos quais vivem cerca de um milhão de pessoas, com a criação de aves e suinos, das maiores do pais.
É exatamente isso que precisamos: de um novo ensaio civilizatório, testado numa miniatura, que seja viável dentro das condições mudadas da Terra em processo de aquecimento e de exaustão de seus recursos. O motto diz tudo:"um novo modo de ser para a sustentabilidade".
Em Itaipu se conseguiu instaurar esta equação feliz. Começaram corretamente com a sensibilização das comunidades. Quer dizer, iniciaram com o alargamento das consciências, convocando nomes notáveis do pensamento ecológico, como F. Capra, Enrique Leff (Pnuma latinoamericano), Marcos Sorrentino, Carlos e Paulo Nobre entre outros. Eu mesmo acompanho o projeto desde o seu início.
Envolveram todas as comunidades, criando comités gestores de cada bacia, legalizados pelas prefeituras.
Formaram algumas centenas de formadores ambientais, atingindo milhares de pessoas. Uma nova geração está surgindo que busca um modo sustentável de viver.
Quem acompanha aquele projeto sai com esta certeza: a Humanidade é resgatável, ela tem jeito, é possível, como dizia Fernando Pessoa, criar um mundo que ainda não foi ensaiado.
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