segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL DO SECULO XXI

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL QUE PRECISAMOS NO SÉCULO XXI



Uma frase ouvida recentemente de um ativista ambiental  – “atuando sobre os efeitos e não em relação às causas” – sintetiza o processo simplificado de querer não assumir a plenitude de um problema, relegando a uma posição menor a necessidade de encontrar soluções. Ou seja, esta opção de ação é típica nos casos onde “é melhor conviver com o problema do que gerar as soluções”.

Acredito que as duas frases é que definem, em relação à Educação Ambiental (EA), a real necessidade de uma reflexão de algumas de suas premissas básicas.

E este contexto – em maior ou menor grau – não é diferente em outros países (tomamos como base  pesquisa que realizamos para a Associação Portuguesa de Educação Ambiental / ASPEA, em Portugal); comparando os resultados com pesquisa  que fizemos para o MEC, duas realidades culturais bastante diferenciadas, mas precisam ser analisadas e conhecidas.

Ou seja, nossas inferências não são opiniões pessoais – em EA este tipo de postura vale muito, pois se admite “ter longa experiência na área” o que, em muitos casos, sem ter uma componente de “avaliação de resultados”, fica restrita a “pensar que tudo vai bem, e não pode ficar melhor”.

Tenho feito uma cruzada no sentido de “induzir uma reflexão sobre a EA do século passado e aquela que precisamos para o século XXI” e tenha observado muitas reações. Infelizmente (os que admitem que não há nada a repensar) partem do princípio que esta reflexão é um “processo de identificar e reconhecer falhas” e, deste modo, não tem muito interesse que isso ocorra. Entende-se esta “postura reativa” a uma nova realidade que “exige mudanças”.Não mudanças de identificação de falhas, mas sim de “aprimorar pontos onde se faz necessário um novo tipo de reflexão”.

Por este motivo é que estamos  “provocando mentes esclarecidas” – que tenham condições de (em rede) concordar ou discordar da nossa postura, para que se chegue a uma posição mais consolidada e menos reativa em relação à proposta.
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Nosso grupo (NEPA) adota a postura de “sustentar posições” frente a dados pesquisados (fatos), e respeitamos as opiniões dos outros (não poderia ser diferente para quem pretende o diálogo), mas que estas outras opiniões venham também lastreadas em fatos, de modo que seja possível comparar experiências positivas ou negativas em diferentes contextos.

Acho que essa é uma postura que a atual sociedade não pode se negar a fazer (pelo menos iniciar) sob pena de estar assumindo a idéia de que o princípio da prevenção não tem lugar no âmbito da Educação Ambiental.

Se observarmos os valores financeiros alocados a Programas de Educação Ambiental (pelo menos na última década, como base de referência) ver-se – á que são valores altamente significativos, aportados pelos diferentes segmentos sociais, públicos e privados. Porém, se em contrapartida, tentamos identificar quantos destes programas tem propostas de avaliação de sua eficácia junto à comunidade ao qual o programa foi aplicado, teremos uma (também) significativa frustração.
Sob este foco de análise, em reflexão pelos extremos, ou não há necessidade de “avaliar resultados de Programas de EA” ou está faltando que este aspecto seja obrigatório no processo de aprovação de tais programas.

Concordo como ponto de discussão – mas discordo como “restrição a idéia proposta de iniciar uma discussão” – que os resultados de um programa dessa natureza só pode ser mensurados em um horizonte muito amplo de acompanhamento (gerações), mas não posso aceitar que não se possa lançar mão de “caminhos de avaliação em curto prazo” (após aplicação do programa) onde se tente mensurar a diferença – certamente positivo - entre o nível de percepção ambiental (e social) do segmento que irá receber o programa e aquele avaliado após sua conclusão (ganho no nível de percepção ambiental do segmento social envolvido no programa de EA).

Como, quase sempre, “o ótimo é o inimigo do bom”, não se aceita um encaminhamento “bom”, pois estamos à procura (quase sempre) do encaminhamento “ótimo”.
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Vivemos – e muitos ainda não se acostumaram a isso –  tempos de um novo século, contexto que nos permite – pelo menos em contraposição aqueles  que acham que não há mais nada a alterar ou discutir – e seria oportuna a abertura das mentes (pelo menos) para novas reflexões.

Não resta dúvida que já evoluímos muito na área da conscientização ambiental da sociedade, fato que se deve obviamente e unicamente aos resultados da Educação Ambiental adotada no século XX, mas não há como prescindir da necessidade de reavaliar premissas, através de ações (boas em curto prazo, ótimas a prazos mais longos) que permitam a (pelo menos) tentativa de estruturar um processo de avaliação contínua de resultados.

Não grupo não é dono da verdade (ninguém é), mas gostaria muito de saber que estamos fazendo parte consciente dela.

Roosevelt S. Fernandes
Núcleo de Estudos em Percepção Ambiental / NEPA



As pesquisas – entre elas as do NEPA – já mostravam (com muita evidência) que, entre outros, a sociedade mostra conhecer “termos ligados às Mudanças Climáticas”, mas tem muita dificuldade (ou não sabem) em “explicá-los”. Por outro lado, a própria sociedade admite que está fora da discussão do tema e explicita o “prós e contras diário” que a mídia coloca à disposição daqueles que pretendem ter uma posição sobre o assunto.

Às vezes é preciso, inclusive, “brincar com coisa séria”.
Quem sabe se consiga ir reduzindo a grande maioria dos  ainda “não iniciados”.
Ou seja, sem o pleno envolvimento da sociedade, não se conseguirá uma solução ampla e sustentável para o problema das Mudanças Climáticas.

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